Fonte: estadão.com.br
SÃO PAULO - O Ministério da Saúde alerta que, para o verão de 2010/2011, dez Estados brasileiros apresentam risco muito alto de enfrentar epidemia de dengue, nove Estados têm risco alto, cinco mais o Distrito Federal registram risco moderado, e dois têm risco baixo.
O alerta vermelho foi dado no Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro e Sergipe. Têm risco alto os Estados de Alagoas, Espírito Santo, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraná, Rio Grande do Norte, São Paulo e Tocantins. Mato Grosso do Sul, Goiás, DF, Rondônia, Roraima e Acre apresentam risco moderado. Rio Grande do Sul e Santa Catarina têm risco baixo.
O mapa do ministério, elaborado com base na ferramenta "Risco Dengue", não considera uma eventual dispersão do vírus tipo 4 no País. O sorotipo foi identificado em Roraima em agosto, após 28 anos sem circulação no Brasil.
A nova metodologia utiliza cinco critérios básicos: três do setor de saúde (incidência de casos nos anos anteriores, índices de infestação pelo mosquito Aedes aegypti e tipos de vírus da dengue em circulação), um ambiental (cobertura de abastecimento de água e coleta de lixo); e um demográfico (densidade populacional).
O "Risco Dengue" parte de dados já disponíveis nos municípios e Estados e define ações a serem realizadas por todas as esferas de gestão do Sistema Único de Saúde (SUS). Para os 26 Estados e o Distrito Federal, o risco de epidemia aumenta em municípios de maior porte e regiões metropolitanas que não tenham enfrentado epidemia recentemente nem registrem alta circulação do sorotipo viral predominante no País. A ausência ou deficiência dos serviços de coleta de lixo e abastecimento de água, além do índice de infestação pelo mosquito transmissor, também são indicadores importantes de risco.
Entre esta quarta-feira, 1º, e quinta, representantes de todas as secretarias estaduais de Saúde estarão reunidos com técnicos do ministério, em Brasília, para treinamento sobre a ferramenta do "Risco Dengue" - a ser aplicada nos Estados e municípios. Toda a metodologia segue as recomendações do Comitê Técnico Assessor Nacional do Programa Nacional de Controle da Dengue e da Sociedade Brasileira de Infectologia. Para outubro, está previsto o lançamento da campanha anual de combate à doença.
Estados e municípios também devem manter a realização do Levantamento de Índice Rápido de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa), como vem sendo feito no mês de novembro desde 2003. Este ano, a recomendação é que o LIRAa seja ampliado de 169 para 354 municípios do País. Após a realização, Estados e municípios devem incorporar os resultados para uma nova análise das áreas de risco de transmissão.
"Pontos quentes"
Nos municípios, a aplicação do "Risco Dengue" leva em conta não apenas a situação da doença no momento, mas também um estudo dos anos anteriores, considerando a circulação viral, a incidência de casos e os bairros que, historicamente, concentram os índices mais altos de infestação. Assim, a ferramenta permite identificar os chamados "pontos quentes", locais onde as ações de prevenção e controle devem ser intensificadas antes do início das chuvas. "Como, no Brasil, 70% dos casos de dengue concentram-se entre janeiro e maio, estamos alertando todo o SUS com quatro meses de antecedência, para que as ações comecem imediatamente", afirma o ministro da Saúde, José Gomes Temporão.
O "Risco Dengue" foi desenvolvido como experiência piloto nas cidades do Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Goiânia e Boa Vista. Em cada uma delas, foram identificados distritos, bairros e quarteirões com maior risco. A recomendação do ministério é que a nova ferramenta seja aplicada em todos os Estados e municípios de maior porte, para nortear o planejamento de ações de prevenção.
Ações imediatas
Entre as ações imediatas a serem realizadas, estão: visitas domiciliares, mutirões de limpeza urbana, reforço da coleta de lixo, eliminação e tratamento de criadouros nas residências, aplicação de larvicidas e inseticidas e busca ativa de casos e óbitos suspeitos de dengue.
Outro objetivo fundamental das ações de controle é a redução da ocorrência de casos graves e mortes por dengue. Para isso, é fundamental que os Estados e municípios organizem os serviços de saúde locais, tendo como porta de entrada a unidade de atenção primária de saúde, e apliquem a classificação de risco para atendimento de pacientes de dengue em todos os níveis de atenção, conforme previsto nas Diretrizes Nacionais de Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue, lançadas em julho de 2009. Além disso, a mobilização da comunidade e a divulgação de campanhas de informação devem ser reforçadas, sobretudo nos "pontos quentes".
As secretarias estaduais da Saúde ficam responsáveis por gerenciar os estoques de larvicidas e inseticidas, com distribuição prioritária aos municípios mais vulneráveis e monitoramento da resistência dos mosquitos. O acompanhamento e supervisão das atividades de campo, atualização periódica de dados, monitoramento da circulação viral e apoio na investigação de casos e óbitos também são atribuições dos Estados.
Medidas do governo
Como preparação para o verão 2010/2011, o Ministério da Saúde já comprou 100 nebulizadores portáteis, 20 veículos para reforçar a reserva estratégica nacional e 20 equipamentos de aplicação de inseticida (fumacê). Também foram adquiridos 263 mil litros de inseticidas e 3,5 mil toneladas de larvicidas para combate ao mosquito transmissor.
Para reforçar o monitoramento da circulação viral, as unidades sentinelas de coleta de amostras de sangue foram ampliadas de 48 para 66 em todo o país. Além disso, foram adquiridos 800 mil litros de soro fisiológico, 3 milhões de comprimidos de paracetamol e 1 milhão de envelopes de sais de reidratação oral.
Na área de assistência, até dezembro, o ministério lançará um manual de diagnóstico e tratamento da dengue para auxiliar médicos pediatras. Também atualizará o manual de manejo clínico em adultos, com destaque para a necessidade de detectar precocemente sinais de alerta de agravamento da doença. Além disso, o ministério fará parceria com operadoras de planos de saúde em todo o País, para que a classificação de risco de dengue seja aplicada também nos hospitais da rede privada.
O Ministério da Saúde também tem assessorado os Estados e capitais na elaboração de planos de contingência para enfrentamento de epidemias de dengue. Desde janeiro, nove Estados receberam visitas técnicas e outros oito estão na agenda até o final de outubro. De fevereiro a agosto, foram realizados 10 tipos de cursos, treinamentos e capacitações de profissionais de saúde e agentes comunitários para todos os Estados. Entre os temas, estão: segurança química, utilização de larvicidas, treinamento em análise de dados, investigação de óbito, planos de contingência, gestão integrada, prevenção e controle da dengue.
Os recursos financeiros para ações de prevenção de dengue e outras doenças foram mantidos para o ano de 2011. O Teto Financeiro de Vigilância em Saúde será de R$ 1,02 bilhão, repassados aos Estados e municípios trimestralmente. Em relação à comunicação, neste momento prosseguem as campanhas locais, com base no regime de chuvas das cinco regiões do País.
SÃO PAULO - O Ministério da Saúde alerta que, para o verão de 2010/2011, dez Estados brasileiros apresentam risco muito alto de enfrentar epidemia de dengue, nove Estados têm risco alto, cinco mais o Distrito Federal registram risco moderado, e dois têm risco baixo.
O alerta vermelho foi dado no Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro e Sergipe. Têm risco alto os Estados de Alagoas, Espírito Santo, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraná, Rio Grande do Norte, São Paulo e Tocantins. Mato Grosso do Sul, Goiás, DF, Rondônia, Roraima e Acre apresentam risco moderado. Rio Grande do Sul e Santa Catarina têm risco baixo.
O mapa do ministério, elaborado com base na ferramenta "Risco Dengue", não considera uma eventual dispersão do vírus tipo 4 no País. O sorotipo foi identificado em Roraima em agosto, após 28 anos sem circulação no Brasil.
A nova metodologia utiliza cinco critérios básicos: três do setor de saúde (incidência de casos nos anos anteriores, índices de infestação pelo mosquito Aedes aegypti e tipos de vírus da dengue em circulação), um ambiental (cobertura de abastecimento de água e coleta de lixo); e um demográfico (densidade populacional).
O "Risco Dengue" parte de dados já disponíveis nos municípios e Estados e define ações a serem realizadas por todas as esferas de gestão do Sistema Único de Saúde (SUS). Para os 26 Estados e o Distrito Federal, o risco de epidemia aumenta em municípios de maior porte e regiões metropolitanas que não tenham enfrentado epidemia recentemente nem registrem alta circulação do sorotipo viral predominante no País. A ausência ou deficiência dos serviços de coleta de lixo e abastecimento de água, além do índice de infestação pelo mosquito transmissor, também são indicadores importantes de risco.
Entre esta quarta-feira, 1º, e quinta, representantes de todas as secretarias estaduais de Saúde estarão reunidos com técnicos do ministério, em Brasília, para treinamento sobre a ferramenta do "Risco Dengue" - a ser aplicada nos Estados e municípios. Toda a metodologia segue as recomendações do Comitê Técnico Assessor Nacional do Programa Nacional de Controle da Dengue e da Sociedade Brasileira de Infectologia. Para outubro, está previsto o lançamento da campanha anual de combate à doença.
Estados e municípios também devem manter a realização do Levantamento de Índice Rápido de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa), como vem sendo feito no mês de novembro desde 2003. Este ano, a recomendação é que o LIRAa seja ampliado de 169 para 354 municípios do País. Após a realização, Estados e municípios devem incorporar os resultados para uma nova análise das áreas de risco de transmissão.
"Pontos quentes"
Nos municípios, a aplicação do "Risco Dengue" leva em conta não apenas a situação da doença no momento, mas também um estudo dos anos anteriores, considerando a circulação viral, a incidência de casos e os bairros que, historicamente, concentram os índices mais altos de infestação. Assim, a ferramenta permite identificar os chamados "pontos quentes", locais onde as ações de prevenção e controle devem ser intensificadas antes do início das chuvas. "Como, no Brasil, 70% dos casos de dengue concentram-se entre janeiro e maio, estamos alertando todo o SUS com quatro meses de antecedência, para que as ações comecem imediatamente", afirma o ministro da Saúde, José Gomes Temporão.
O "Risco Dengue" foi desenvolvido como experiência piloto nas cidades do Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Goiânia e Boa Vista. Em cada uma delas, foram identificados distritos, bairros e quarteirões com maior risco. A recomendação do ministério é que a nova ferramenta seja aplicada em todos os Estados e municípios de maior porte, para nortear o planejamento de ações de prevenção.
Ações imediatas
Entre as ações imediatas a serem realizadas, estão: visitas domiciliares, mutirões de limpeza urbana, reforço da coleta de lixo, eliminação e tratamento de criadouros nas residências, aplicação de larvicidas e inseticidas e busca ativa de casos e óbitos suspeitos de dengue.
Outro objetivo fundamental das ações de controle é a redução da ocorrência de casos graves e mortes por dengue. Para isso, é fundamental que os Estados e municípios organizem os serviços de saúde locais, tendo como porta de entrada a unidade de atenção primária de saúde, e apliquem a classificação de risco para atendimento de pacientes de dengue em todos os níveis de atenção, conforme previsto nas Diretrizes Nacionais de Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue, lançadas em julho de 2009. Além disso, a mobilização da comunidade e a divulgação de campanhas de informação devem ser reforçadas, sobretudo nos "pontos quentes".
As secretarias estaduais da Saúde ficam responsáveis por gerenciar os estoques de larvicidas e inseticidas, com distribuição prioritária aos municípios mais vulneráveis e monitoramento da resistência dos mosquitos. O acompanhamento e supervisão das atividades de campo, atualização periódica de dados, monitoramento da circulação viral e apoio na investigação de casos e óbitos também são atribuições dos Estados.
Medidas do governo
Como preparação para o verão 2010/2011, o Ministério da Saúde já comprou 100 nebulizadores portáteis, 20 veículos para reforçar a reserva estratégica nacional e 20 equipamentos de aplicação de inseticida (fumacê). Também foram adquiridos 263 mil litros de inseticidas e 3,5 mil toneladas de larvicidas para combate ao mosquito transmissor.
Para reforçar o monitoramento da circulação viral, as unidades sentinelas de coleta de amostras de sangue foram ampliadas de 48 para 66 em todo o país. Além disso, foram adquiridos 800 mil litros de soro fisiológico, 3 milhões de comprimidos de paracetamol e 1 milhão de envelopes de sais de reidratação oral.
Na área de assistência, até dezembro, o ministério lançará um manual de diagnóstico e tratamento da dengue para auxiliar médicos pediatras. Também atualizará o manual de manejo clínico em adultos, com destaque para a necessidade de detectar precocemente sinais de alerta de agravamento da doença. Além disso, o ministério fará parceria com operadoras de planos de saúde em todo o País, para que a classificação de risco de dengue seja aplicada também nos hospitais da rede privada.
O Ministério da Saúde também tem assessorado os Estados e capitais na elaboração de planos de contingência para enfrentamento de epidemias de dengue. Desde janeiro, nove Estados receberam visitas técnicas e outros oito estão na agenda até o final de outubro. De fevereiro a agosto, foram realizados 10 tipos de cursos, treinamentos e capacitações de profissionais de saúde e agentes comunitários para todos os Estados. Entre os temas, estão: segurança química, utilização de larvicidas, treinamento em análise de dados, investigação de óbito, planos de contingência, gestão integrada, prevenção e controle da dengue.
Os recursos financeiros para ações de prevenção de dengue e outras doenças foram mantidos para o ano de 2011. O Teto Financeiro de Vigilância em Saúde será de R$ 1,02 bilhão, repassados aos Estados e municípios trimestralmente. Em relação à comunicação, neste momento prosseguem as campanhas locais, com base no regime de chuvas das cinco regiões do País.
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