segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Presidente nacional do PRB Mulher : Deputada estadual Rosangela Gomes




Rosangela Gomes é deputada estadual e presidente nacional do PRB Mulher. Nessa entrevista, ela fala dos projetos dessa militância e o que representa a eleição da presidente Dilma Rousseff para a participação feminina na política brasileira. A parlamentar republicana também fala de suas expectativas para as Eleições de 2012 e como a Baixada Fluminense é tratada pelos governos.

1) A militância PRB Mulher está preparada para fazer a diferença nas Eleições 2012?
Rosangela Gomes - O PRB mulher está trabalhando para eleger muitas vereadoras e prefeitas nas Eleições 2012. Eu assumi a presidência dessa militância em março deste ano, logo após o Dia Internacional da Mulher, e desde aquele período estamos trabalhando visando o próximo pleito. Hoje temos militantes que são líderes em diversos municípios. Temos militantes que ocupam importantes espaços em associações de moradores, sindicatos, comunidades e movimento sociais. Em agosto, conseguimos reunir as coordenadoras estaduais e definimos muitas diretrizes. Estou otimista quanto ao resultado das eleições do próximo ano.

2) A mulher ainda encontra muitos obstáculos para seguir uma carreira política no Brasil?

Rosangela Gomes - A mulher é líder dentro de casa, sabe administrar um lar e tem um senso de organização muito grande. A sensibilidade da mulher para os problemas sociais é maior do que a dos homens. Isso faz dela uma excelente candidata. No entanto, quando chega o período de registrar o nome numa agremiação política, para disputar um cargo no Legislativo ou no Executivo, ela recua. Essa barreira cultural precisa ser ultrapassada.

3) O que representou a eleição da presidente Dilma Rousseff para a militância política da mulher?

Rosangela Gomes - A eleição da presidente Dilma, a primeira mulher presidente do Brasil, representa um marco na política do nosso País, mas ainda precisamos avançar muito. Temos hoje mais de 120 milhões de eleitores, mais da metade mulheres. Mas quando comparamos esse universo com o quadro da representação nos parlamentos, a representatividade nas casas que criam leis, ainda observamos uma grande discrepância.

4) A presença de uma mulher nos palanques das Eleições de 2010, disputando a Presidência da República, foi um marco no Brasil?

Rosangela Gomes - Acredito que sim. E é bom que não esqueçamos que durante o processo eleitoral tivemos a presença da Marina da Silva, um ícone na área do meio ambiente, disputando o mesmo cargo. Dilma ganhou a disputa por vários fatores, mas é bom destacar que foi por ser uma mulher forte, por sua história de vida, por toda a sua luta contra a ditadura, sua trajetória e, obviamente, pelo trabalho que desenvolveu no governo do presidente Lula. O Brasil foi inserido no cenário mundial de uma forma muito positiva. Um patamar de gestão admirável.

5) A sua trajetória política também está ligada a esta luta da participação da feminina na política?

Rosangela Gomes - Eu fui vereadora na cidade de Nova Iguaçu durante três legislaturas. Um município onde há 12 anos não havia uma representação feminina. Em 2000, fui a única mulher na Câmara. Em 2004, a representação passou para duas cadeiras, e em 2008 somou quatro. Disputei uma vaga para o Senado e hoje sou deputada estadual. Atualmente, na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, num quadro de 70 deputados, 13 são mulheres. No Senado, de 81 cadeiras, apenas 11 são ocupadas por mulheres. Na Câmara Federal, de 513 deputados, 46 são mulheres. Portanto, existe uma lacuna entre o eleitorado feminino e a representatividade. Esse cenário é resultado da nossa cultura. Ao longo dos anos, as mulheres foram educadas para serem mães, donas-de-casa e esposas. Não fomos preparadas para a gestão pública. Uma minoria foi preparada para ocupar cargos de gestão na iniciativa privada. Agora, no século XXI, esse quadro começa a mudar. Algumas barreiras culturais começam a ser rompidas. O ministério da presidente Dilma é formado por dez mulheres e isso já é um sinal.

6) O PRB, apesar de ser um partido jovem, está contribuindo para a formação de um novo Brasil?

Rosangela Gomes - Sem dúvida alguma, até porque está na base aliada. O saudoso presidente de honra do PRB e vice-presidente da República José Alencar, com seu equilíbrio e conhecimento, foi fundamental nessa construção. Eu aprendi muito com ele durante os muitos encontros que o PRB promoveu. Uma de suas principais bandeiras era a redução da taxa de juros de economia brasileira, a taxa Selic, que ainda é uma das mais altas do mundo. Ele discursava e dizia que era um absurdo esse índice ser tão alto. No entender dele, isso era ruim para o desenvolvimento do País, para a geração de empregos.

7) Em que setores o Brasil deve investir mais nos próximos anos?

Rosangela Gomes - Eu sou uma apaixonada pelos temas Educação e Saúde. Para o Brasil crescer será necessário investir nesses dois setores. Não existe nenhuma fórmula mágica. Com educação, prepararemos as nossas crianças para o amanhã. Um povo sadio e forte produz e gera riquezas. A Educação é uma das portas para a solução de outros problemas.

8) O PRB é um partido que faz a diferença?

Rosangela Gomes - Eu trabalhei pela fundação do Partido Republicano Brasileiro. Não existe no País nenhuma agremiação política como o PRB. Uma legenda de oportunidades, que tem compromisso com a coisa pública, com muita ética. Defendemos um Estado forte, prestando serviços de qualidade para a população. Um retorno satisfatório dos impostos recolhidos. E digo isso com muita alegria, pois eu me lembro muito bem daqueles dias em que íamos de casa em casa colhendo assinaturas para a formação dessa legenda, que comemorou em agosto passado apenas seis anos. A meta do presidente Marcos Pereira é dobrar a nossa representação no parlamento no próximo pleito. Estamos trabalhando para isso. A militância do PRB Mulher vai fazer a diferença nas Eleições de 2012.

9) As recentes leis aprovadas no Brasil ajudaram a combater a violência contra a mulher?

Rosangela Gomes - Acredito que sim. O Brasil já avançou muito nesse sentido. A Lei 11.340, a chamada Lei Maria da Penha, que foi sancionada pelo presidente Lula, em 2006, mudou muita coisa. Esse dispositivo realmente coíbe a violência contra a mulher. No entanto, por uma série de motivos, muitas ainda não se sentem seguras para denunciar maus tratos. Muitas mulheres ainda têm medo de denunciar os seus agressores.

10) O seu reduto eleitoral é a Baixada Fluminense, no Estado do Rio de Janeiro. Como a população dessa região é tratada pelos governos?

Rosangela Gomes - O PRB me dá a oportunidade de sonhar com dias melhores para a Baixada Fluminense. Trata-se de uma região que tem cinco milhões de habitantes que vivem em 13 municípios, mas que é esquecida pelos governos. Infelizmente, o abandono é total. Eu falo isso com conhecimento de causa, pois sou moradora da região. Nasci e fui criada em Nova Iguaçu. Tenho conhecimento das necessidades locais. A Baixada Fluminense tem ficado à margem dos investimentos estadual e federal ao longo dos últimos anos. Recentemente, por exemplo, andei por vários bairros de todos os municípios da região e fiquei indignada com a total falta de saneamento básico. Quando o tema é transporte público, dá muita tristeza analisar a situação. Um trabalhador é obrigado a sair de casa às 4h da manhã para trabalhar na capital do Rio de Janeiro. Isso porque ele leva, em média, de duas a três horas para chegar ao local onde ganha o pão de cada dia. No final do dia, para voltar, é o mesmo tempo. Uma mãe, que é obrigada a trabalhar fora, não tem onde deixar os seus filhos. Em muitas residências não existe água encanada. Nos postos de saúde, faltam remédios, equipamentos e profissionais.

Por David Telles

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