quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Presente irrita o futuro do país

Jovens querem se engajar, mas lamentam que projetos destinados a eles estejam esquecidos

· Alana Rizzo



Os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário estão distantes dos jovens. Esta é a percepção de quase 2 mil brasileiros entre 15 e 29 anos que participaram da I Conferência Nacional de Políticas Públicas para a Juventude, que aconteceu em Brasília no ano passado. A pesquisa Quebrando mitos: juventude, participação e políticas, das sociólogas Mary Castro e Miriam Abramovay, traça um perfil dos jovens engajados e mostra que, além de criticar a politica atual, eles estão dispostos a mudá-la. Um dos motivos para tanta descrença — além de casos de corrupção e das práticas consideradas antigas, como o coronelismo — é a demora na aprovação das propostas de interesse dos jovens no Congresso.

Três projetos para fortalecimento das políticas públicas estão parados. A PEC da Juventude altera o texto constitucional e inclui o jovem no capítulo que trata dos direitos e garantias fundamentais. Aprovada na Câmara, a proposta aguarda a votação no Senado, onde a pauta está travada por medidas provisórias. O Plano Nacional da Juventude é outro que dorme. Depois de uma Comissão Especial discutir o assunto, o projeto que estabelece metas para a criação das políticas nos próximos 10 anos também não foi analisado na Câmara, assim como o Estatuto da Juventude. O grupo também cobra a criação do Fundo Nacional da Juventude e de órgãos, com orçamento próprio, em todos os municípios e estados. Atualmente, a Secretaria Nacional da Juventude está ligada à Presidência.

O secretário-executivo do PMDB Gabriel Souza, de 25 anos, acredita que a credibilidade das instituições se dá quando elas conseguem se aproximar da vida das pessoas. O estudante de medicina veterinária diz que tenta convencer os jovens de que é preciso ocupar essas espaços tradicionais para que haja uma transformação. “O Legislativo não consegue ser prático. A agenda política brasileira é muito devagar. Tudo para acompanhar o novo escândalo”, critica o jovem.

A história da coordenadora da Secretaria Jovem da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Maria Elenice Anastácio, não é muito diferente. “Achava que sindicato era coisa de gente velha e que só estava interessada em Previdência. Fui me interessando e percebi que trabalhamos pelo bem de uma classe”, diz a jovem do interior do Rio Grande do Norte. Atualmente, a principal bandeira da Secretaria é a defesa de políticas direcionadas para o jovem do campo. “Muita gente resolveu ficar e precisa de incentivo do governo”, diz.

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Precisamos olhar para eles (juventude) com atenção porque a população está envelhecendo e nunca teremos tantos jovens como agora”

Miriam Abramovay, Coordenadora do estudo

Um comentário:

  1. ealmente a juventude do país está esquecida,e esse fato não é do tipo que causa estranhamento ou surpresa,pois infelizmente é comum em nosso país a preocupação somente com o efeito,e o desprezo pela causa real do problema.Digo isso porque normalmente a juventude só está na pauta do governo quando já atingiu um nível muito alto de marginalidade,ou quando muitas jovens engravidam precocemente,enfim os jovens só tornam-se assunto de interesse político ou público quando não dá mais para ignorá-los.O resultado mais que positivo dessa pesquisa que revela o engajamento e sobretudo a disposição não somente para criticar mas para lutar pela mudança do cenário político nacional é o início de uma grande evolução.

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